segunda-feira, março 3


Passei vários meses pensando em como escrever isso.
E agora que sei o que dizer, já é tarde não preciso mais fazê-lo.
Teria que ser assim: não o que eu quero, mas tudo o que preciso.
Quero alguém saiba lidar com o oceano da vida e os caprichos dos mares da alma; não pode ser marujo de primeira viajem, mas um caçador de pérolas.
Não pode ser um viajante errante, mas alguém que no mínimo saiba para onde está indo e o que precisa para fazer a viajem.
Não, eu não quero, alguém que não saiba o valor das flores. Nem o preço inestimável de uma noite com estrelas. Alguém que não perceba que mais vale o tempo que se perde, ganhando um coração, do que o quanto vale a entrada do cinema.
Quero alguém que perceba a sutil diferença entre cativar um coração e somente se apaixonar por ele. ‘Você se torna eternamente responsável por aquilo que cativas’ disse um dia o escritor; já a paixão evapora como a areia com o vento num deserto, desgasta com o tempo se não for cuidada, murcha como a flor de verão quando não é regada.
O mesmo escritor de forma sabia escreveu ‘... o essencial é invisível aos olhos...’
Hoje entendo o que ele queria dizer.

Por isso não quero alguém insensível ao que é essencial, nem frágil o bastante para não lutar por mim.
Que não seja cauterizado por idéias vãs, mas que não tenha vergonha de dizer que não sabe a resposta certa. Quero alguém que saiba o valor que tem um beijo no rosto e um abraço.
Alguém que não seja tolo para não admitir suas próprias fraquezas, nem dificuldade em enxergar os próprios erros; ou reconhecer seus medos.
Que tenha carinho, coragem, animo, gentileza, inteligência e esperteza, que tenha agilidade em pensar e agir. Que seja sábio na medida do possível, que aprenda com os erros e que saiba perdoar os erros cometidos a ele.
Principalmente que tenha paciência e amor, para entender e permanecer ao lado de alguém como eu, complicada e cheia de deslizes, defeitos e qualidades ... Que não tenha medo de enfrentar comigo as tempestades da minha alma.
Que seja um mero mortal capaz de amar e ser amado, se seja imperfeito e cheio de defeitos o suficiente para ser um par perfeito.
Pink Soul
* Trexos de texto tirados de ''O Pequeno Príncipe'' de Antoine de Saint-Exupéry ; quadro de Josephinne Wall como imagem.